quarta-feira, 29 de abril de 2009

3ºparágrafo

Alice tentava não odiar as coisas e as situações por mais difíceis que estas pareciam ser. Às vezes olhava para o passado, pensava que tudo havia valido a pena. Por muitas vezes queria estar bem longe, do lugar em que estava... Perdia os pensamentos por alguns segundos, enquanto estes vagavam pelo mundo. Era uma jovem mulher forte! Muitas vezes a sorte sorriu para ela. Outras tantas vezes ela que sorrio para sorte. O sorriso largo e o brilho no olhar, não deixava esconder que apesar dos pesares, ela era muito feliz. De qualquer maneira isto não existia mais. Sempre foi, do tipo de gente que acreditava nos outros de olhos fechados. Cada sinal, minimo gesto que fosse, era um abrir de portas para um novo sentimento ou um novo ponto de vista. Gênio forte, personalidade mais forte ainda!

segunda-feira, 6 de abril de 2009

2º parágrafo

Era cinco horas da manhã de um dia de setembro, ela acorda de súbito, levanta-se em um salto e corre para o chuveiro. São os primeiros dias da primavera e os dias já começavam a raiar mais cedo, mas o banho é gelado, mesmo com o aquecedor funcionando, sempre fazia isso, no inverno gelado o banho era sempre com água fria. Já não interessava mais a que horas o dia iria raiar ou coisas deste tipo, dentro de quatro horas ela deveria estar mais uma vez dentro de um avião em uma viagem cansativa, num vôo de aproximadamente 20 horas, onde ela iria atravessar o Oceano Pacifico indo contra o fuso horário. O banho foi rápido, escovou os dentes, vestiu-se e colocou os chinelos dentro de uma das malas e deixou o velho moletom de dormir de estimação para trás. Alice queria estar em casa, mais que tudo nesta vida, era o único sentimento que tinha. Havia passado os três piores meses de sua vida, perto de pessoas maravilhosas, que lutavam por coisas banais, como a liberdade de serem quem realmente são, longe de tudo que mais amavam, criando novos vínculos e transformando os amigos e conhecidos em sua família. Da outra vez bebeu todas antes de partir. Dessa, teve que tomar uma atitude energética perante as circunstâncias. Mas não gritou como era de costume, apenas disse “se não vai pagar o que me deve, por favor, vá embora!” e foi assim que resolveu o seu problema. Perdeu duas centenas de dólares, mas jamais iria deixar um problema para trás, problemas não eram como roupas e tênis velhos. A outra menina, ainda tentou rebater e provocar das maneiras mais irônicas possíveis, mas ela ficou sentada dentro do closet vazio. Despedir-se da “família” sempre foi a parte mais difícil, mas ela tinha muita certeza do que queria e do rumo que iria dar a sua vida, assim que desembarca-se, que estivese em casa. Talvez o coração dela não tivesse esperança alguma, é verdade, mas sentia segurança assim como nunca tivera antes. Acreditava na sorte da vida! E pensava que aquele era o seu estado normal, que conter-se perante o mundo e acreditar era o seu novo posicionamento perante o mundo. Tinha agora ambições que se esquecera por algum tempo. Queria uma família. Queria um amor. Queria uma carreira de sucesso. Queria estudar mais e mais. Na verdade apenas queria os seus novos velhos planos de volta. Eram sete e meia da manhã, ela já havia rido muito com o motorista da sua shuttle que a levará até o aeroporto, um senhor italiano, imigrante, muito bem humorado. Oito horas, já havia feito o check in e passara pela imigração, ficou esperando o embarque, sentada em um sagão cheio, olhou para o telefone e não conseguiu resistir. Telefonou mais uma vez, mas ninguém atendeu. Ela respirou fundo e pensou em tudo o queria dizer caso ele atendesse. Mas acabou por engolir cada palavra em pensamento. Pois, sabia que não seriam as melhores. Aquelas palavras eram parte de uma Alice que não habitava mais aquele corpo, eram ásperas e duras. Agora ela tinha medo de ferir, um medo que nunca tivera.

1º parágrafo

Ela era tão acostumada a ser sozinha, já havia aberto mão de todas as coisas para ir embora. E criar outra vida, tinha esperanças de reencontrar-se em um lugar muito longe ao que nascera. De alguma forma ela queria fugir de todas as coisas que foram, sem ser em sua vida. Fugir naquele momento parecia a única coisa sensata a se fazer. Já não tinha ilusões sobre a vida e sabia exatamente como o mundo lhe engole quando não se provem de ambições claras. De alguma forma só queria mais uma chance para recriar-se, ser livre e para voltar a amar, sem medo de machucar-se. Mil e uma idéias rodeavam aquela cabecinha, ela tinha tudo planejado, de como seria e como faria para realizar tudo neste novo lugar. Tinha finalmente a chance de voltar para aquele lugar que amava. Lá, a liberdade era presa a responsabilidade de ser sozinha. Cada centavo ganho a levaria a algum lugar diferente do mundo e a presentearia com um luxo bobo. Enquanto planejava tudo dentro de sua cabeça (às vezes anotava em algum papelzinho, que quase sempre era extraviado naquela imensa bolsa vermelha, que à acompanhava fielmente desde os tempos da faculdade), não conseguia esquecer-se dos motivos que a trouxeram de volta no passado. Havia vivido no limbo durante um ano e alguns meses, isto lhe parecia a eternidade. Carregava dentro de si todas as incertezas de um coração machucado. Dentro desta escuridão só conseguia ver a si mesma, sem se doar, sem dividir, sem se importar e começava a se desligar das pessoas. Procurou a Deus, da maneira que sua mãe a ensinara, sem nunca deixar de contestar. Os planos, só seriam quebrados diante da promessa de novas perspectivas em seu lugar, talvez uma volta ao plano de volta. Tinha fé que as coisas se ajeitariam, onde quer que ela estivesse.